O Diagnóstico em Psicanálise

O Diagnóstico em Psicanálise

Toda classificação implica uma nomenclatura, Freud adotou como referencial a Psiquiatria clássica, utilizando a mesma nomenclatura da psiquiatria. No entanto, apesar de tomá-la como referencial, ele criou uma nomenclatura própria da psicanálise, subvertendo a nomenclatura psiquiátrica.

A nosografia (a descrição das doenças) e a nosologia (o estudo das doenças) freudianas influenciaram a Psiquiatria em suas classificações até a CID 9. A partir da CID 10, ocorre um abandono do modelo Freudiano, as neuroses são separadas em entidades, surgindo os transtornos, os quadros dissociativos, entre outros.

Com Lacan, o diagnóstico clínico está fundamentado nas estruturas clínicas, ou seja, nos efeitos da defesa utilizada pelo sujeito frente à angústia de castração que condicionam diferentes tipos de sintomas. A neurose, a psicose e a perversão são efeitos produzidos pelo tipo de defesa próprio de cada uma dessas estruturas. Cabe ressaltar que o condicionante para o diagnóstico não é a conduta do sujeito em análise, mas a sua posição subjetiva frente ao sintoma e como esse implica na fantasia que o determina.

Portanto, a primeira clínica de Lacan é estruturalista. O diagnóstico feito em psicanálise, seja na primeira clínica aqui abordada ou na segunda clínica, que é mais elástica, gradual e não classificatória, não é o mesmo diagnóstico realizado em psiquiatria, pois há uma especificidade no diagnóstico em psicanálise. A psicopatologia lacaniana diverge da psicopatologia psiquiátrica. Os multifacetados diagnósticos classificados pela psiquiatria podem ser tratados, no entanto a nossa maneira de diagnosticar e tratar cada transtorno psiquiátrico diverge da psiquiatria, contudo isso não significa que não possamos trabalhar em conjunto em um mesmo caso.

Em "Formulações sobre a causalidade psíquica", de 1946, Lacan nos diz: "É realmente verdade que, como escrevêramos numa fórmula lapidar na parede de nossa sala de plantão, ’Não fica louco quem quer'" (1998, p. 177). Esta frase, que Lacan julga tão importante para estar numa lápide, nos aponta uma concepção daquilo que faz de um louco, um louco. A loucura não é o resultado de uma decisão ou um esforço consciente, não é uma escolha que se faz por não estarmos mais suportando ter que lidar com as mazelas da vida ou porque está insuportável demais as experiências da vida.

A loucura se estrutura muito cedo, podendo ser desencadeada muito mais tarde; é uma resposta possível à castração. A loucura pode ser tratada, mesmo assim, e os analistas não devem recuar diante das dificuldades próprias dessa estrutura clínica.

Você já sentiu como se estivesse enlouquecendo? Já sentiu medo de se desestruturar?

Pessoas diagnosticadas com os transtornos a seguir costumam buscar um analista.

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